sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DINHEIRO DÁ EM ÁRVORE?



Fixei bem o olhar e as minhas suspeitas se confirmaram: era mesmo dinheiro ali no chão. Olhei para os dois lados, já vendo em pensamentos o dono o procurando. Nada. Olhei de novo, procurando com o olhar alguém com cara preocupada. Ou meninos prendendo o riso com a cordão para puxar a nota na hora em que o primeiro besta aparecesse (essa é tão antiga que os meninos de hoje nem devem conhecer). Nada. as pessoas iam e vinham tão absortas em seus pensamentos que nem reparavam aquela pessoa parada como um poste ali no meio da rua.

Na fração de segundo entre estar em dúvida e decidir apanhar a nota, vários pensamentos me passaram pela cabeça: "assim que eu me abaixar vai aparecer alguém gritando 'É meu!'"..."Será que era a única notinha de alguém que estava saindo para comprar a refeição do dia?"..."E se tiver uma criança chorando pelo seu dinheirinho poupado com sacrifício para comprar aquele carrinho?"... Enredos dignos de novela mexicana se formaram rapidamente enquanto eu caminhava com cara de pato arrependido (essa eu peguei emprestada no teu pote, compadre!).

Numa proporção menor que os dramalhões também surgiram hipóteses mais positivas: "Ah, deve ter caído de uma carteira bem cheia...nem sentiram falta..."

A velha dor na consciência começava a bater à porta: "vou perguntar às pessoas"... E então: "Ah, quem vai dizer que não é o dono?"

Além do mais eu não tenho a mínima vocação para fazer enquete nem para testar a honestidade alheia.

Eu acho que nunca ganhei nem sorteio de escola. As coisas para mim não chegam na bandeja. Ainda bem. Continuei caminhando com a nota na mão.

Pelo sim, pelo não, doei para um lugar que com certeza fez bom uso do dinheiro. Não gosto de coisa fácil (excluindo a Mega sena, claro).

Um comentário:

Roberta disse...

O tipo de coisa que a gente pensa "só acontece comigo". O final é a tua cara msm.