quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

No ano novo... Ana Jácomo



"No ano novo, bem mais do que nos outros, quero alimentar o meu coração com mais daquilo que eu sei que ele gosta e é capaz de nutri-lo. Quero escolher com todo amor os ingredientes de cada refeição. Cozinhar mais vezes para ele. Usar os temperos que mais aprecia. Dedicar um tempo maior para preparar a mesa. E, depois de servi-lo, desfrutar a delícia de vê-lo saborear o que preparei. Curtir o conforto de me saber responsável pelo seu contentamento. Aquele gostinho bom do “fui eu que fiz pra você”.

No ano novo, bem mais do que nos outros, quero ter mais gentileza com os meus sentimentos. Com todos eles, sem exceção. Quero ter mais habilidade para ouvir o que têm pra me contar, sem tentar abafar a voz daqueles que podem me trazer desconforto. Quero deixar que se expressem, exatamente com a cara que têm. Que me façam surpresas. Que me apontem as mudanças que já aconteceram e me falem sobre aquelas que pedem para acontecer. Quero que me mostrem as regiões ainda feridas em mim que precisam de olhar, de cura ou de perdão. Não quero sentimento acuado, amordaçado, varrido pra debaixo do tapete. Quero ser a melhor confidente de cada um.

No ano novo, bem mais do que nos outros, quero ter mais cuidado com os sentimentos alheios. Mais compaixão. Mais empatia. Mais tolerância. Suspender o julgamento. Trocar a crítica pelo respeito. Parar de achar que eu faria diferente, que eu diria diferente, quando não é a minha vida que está na berlinda. Quero lembrar mais vezes o quanto nos exige cada superação, cada avanço, cada conquista, cada descoberta das chaves capazes de abrir os cárceres que inventamos para nós. Quero lembrar mais vezes do quanto eu falho, mesmo quando quero acertar. Do quanto eu ainda me atrapalho comigo. Do quanto preciso ser generosa com a minha trajetória a cada novo projeto anunciado pela minha alma. A cada nova tentativa. A cada novo tropeço.

No ano novo, quero me encantar mais vezes. Admirar mais vezes. Compartilhar mais amor. Dançar com a vida com mais leveza, sem medo de pisarmos nos pés uma da outra. Quero fazer o meu coração arrepiar mais freqüentemente de ternura diante de cada beleza revista ou inaugurada. Quero sair por aí de mãos dadas com a criança que me habita, sem tanta pressa. Brincar com ela mais amiúde. Fazer arte. Aprender com Deus a desenhar coisas bonitas no mundo. Colorir a minha vida com os tons mais contentes da minha caixa de lápis de cor. Devolver um brilho maior aos olhos, aos dias, aos sonhos, mesmo àqueles muito antigos, que, apesar do tempo, souberam conservar o seu viço. Quero sintonizar a minha freqüência com a música da delicadeza. Do entusiasmo. Da fé. Da generosidade. Das trocas afetivas. Das alegrias que começam a florir dentro da gente.

No ano novo, bem mais do que nos outros, quero ter atenção com relação ao que sinto, ao que vejo, ao que propago. Mais cuidado para não me intoxicar com os apelos do medo e do pessimismo, tão divulgados nesses nossos tempos. Usufruir mais a sábia isenção que nos permite continuar a ver o melhor para a nossa vida e para a vida de todos os seres, apesar de. Não me importa se eu olhar na contramão: quero ter a coragem de sustentar a minha crença de que o amor, a paz, a luz, hão de prevalecer na Terra, e, enquanto isso não acontecer, quero dirigir também a minha energia ao propósito de que prevaleçam em mim.


No ano novo, bem mais do que nos outros, eu quero me sentir feliz. Uma felicidade que não está condicionada à realização das coisas que, particularmente, anseio para mim. Para a minha história nesse mundo. Para essa personagem que eu visto. Quero, antes de qualquer outra razão, me sentir feliz por encontrar descanso e contentamento no meu coração. Por tocar com o sentimento a preciosidade da vida. Por saber que existem coisas para eu realizar enquanto estou por aqui. Por acreditar que a maior proposta da idéia humana é a felicidade. Não importa quantas nuvens eu possa ter que dissipar no ano que começa: gente, por natureza, é sol, e eu quero viver esse lume."


(Ana Jácomo)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Desacelerando



Nova virada de ano. Tempo de balanços e reflexões. De promessas que só duram até a hora da virada. De pesar ganhos e perdas. É uma questão de escolha, e escolhi valorizar os ganhos e ver as perdas como oportunidades para me despir da vaidade.

Escolhi comemorar os minúsculos milagres que formam os segundos, minutos,as horas do nosso dia. O café com os amigos, as risadas, o cheiro com que o nosso pé de jasmim nos brinda a cada noite, o por do sol visto bem aqui do meu portão, o abraço do filho, a chegada do meu amor. Não preciso de grandes eventos para comemorar o presente da vida. Esses são esporádicos e viver à espera deles seria monótono e sem graça.

Escolhi esperar sempre o melhor das pessoas. Dizem que isso é decepção na certa. Se for, é para o outro, nunca para quem acreditou nele. E digo ainda que a vida me presenteou com pessoas que reforçam ainda mais a minha decisão.

Escolhi desacelerar, curtir mais os caminhos antes de chegar ao destino. Lembrar que "a palavra é prata e o silêncio é ouro" ( é difícil, mas eu chego lá). Contemplar mais. Ouvir mais. Ouvir só o que vale a pena e deletar o que não vale. Afrouxar um pouquinho os parafusos.

*Falando em contemplar, só uma canja do por do sol visto do meu portão...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

DEZEMBRITES



O último trimestre do ano é cheio de particularidades. Tudo fica mais agitado, as pessoas se mobilizam para as intermináveis festas de final de ano e também, após um ano de trabalho, todo mundo quer merecidas férias.

E nessa época, coincidentemente, as crianças começam a espalhar as doenças infectocontagiosas tão chatinhas que se alastram nas escolas e vizinhanças: catapora, rubéola e 'otras cositas mas'...

Pensam que os adultos ficam imunes? Aí é que se enganam! As ITE's chegam de mala e cuia: outubrite, novembrite e dezembrite. Ouvi as expressões há um tempão, de um médico que pesquisava a alta incidência de doenças e cansaço excessivo nos últimos meses do ano em pessoas de diversas classes sociais, profissões e idades.

Eu mesma tenho uma dezembrite chatíssima todos os anos. Pra ser sincera, começa mesmo em outubro, em novembro fica chateando e inaugura dezembro com louvor. É uma impaciência, vontade de sair de férias logo...Vou logo avisando aos colegas: "Tou com dezembrite!"- Todo mundo já sabe.

Espero as férias como um andarilho busca água no deserto. Nem que seja para ficar dias de pernas para o ar, dormir até enjoar, ler livros que estão na fila desde o meio do ano, curtir muito a família. Uns dias de sol, mar e sossego serão bem vindos também.

Falta pouco...Vou recarregar as energias a partir do primeiro dia do novo ano. Yesss. E as ITE's vão hibernar, e já vão tarde...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Uma balançada boa


Às vezes a vida nos manda ventos que desmancham os nossos cabelos, e a nossa reação imediata é por as mãos na cabeça para tentar dar uma arrumada.

Como o vento nos cabelos, as ventanias da vida às vezes assustam um pouco e a gente quer tudo de volta ao lugar de sempre. Arrumadinho e intocável. Mas quem quer uma vida arrumadinha, certinha, paradinha? Deixa o vento despentear um pouco, mudar o visual, dar um ar mais diferente!

A palavra do dia é reinventar. Reinventar-se a cada dia. Fazer diferente. Receber o novo com carinho. Deixar a vida acontecer e curtir o balanço dos cabelos...e da vida.

domingo, 19 de dezembro de 2010

FINAL DE ANO


Todo ano é a mesma coisa: você nem percebe e dezembro já chegou com a corda toda. Em todo canto tocam aquelas musiquinhas que depois não querem sair da cabeça da gente, começa um movimento meio frenético em todo canto, luzes, decorações. Tudo cheira a Natal.

E começam as mais variadas confraternizações, de trabalho, família, colegas de faculdade,de curso, amigos de infância, amigos mais recentes, voluntariado. Sei que não vou conseguir ir à todas, mas confesso que gosto do clima, especialmente naquelas confraternizações onde você encontra pessoas queridas e tem a oportunidade de bater um papo, dar um abraço que a falta de tempo se encarrega de impedir durante o ano.

O ruim é que, acabaram as festas, cada um corre para a sua vidinha agitada e espera o próximo encontro, que muitas vezes só acontece na próxima confraternização.

Como seria bom que esse clima durasse o ano inteiro! Que cada amigo tivesse a mesma oportunidade de rever, falar, ouvir o outro...sempre. Que a preocupação com um presente que combine com a pessoa fosse a mesma preocupação em cultivar a amizade, que o olhar sobre o próximo fosse mais duradouro. Que aquele telefonema de felicitações também acontecesse numa segunda feira sem nada especial. Prometo que vou me esforçar...

Sei lá, acho que aquela nostalgia natalina me pegou.

...e que a gente nunca esqueça o verdadeiro aniversariante e tudo o que Ele veio fazer entre nós.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DINHEIRO DÁ EM ÁRVORE?



Fixei bem o olhar e as minhas suspeitas se confirmaram: era mesmo dinheiro ali no chão. Olhei para os dois lados, já vendo em pensamentos o dono o procurando. Nada. Olhei de novo, procurando com o olhar alguém com cara preocupada. Ou meninos prendendo o riso com a cordão para puxar a nota na hora em que o primeiro besta aparecesse (essa é tão antiga que os meninos de hoje nem devem conhecer). Nada. as pessoas iam e vinham tão absortas em seus pensamentos que nem reparavam aquela pessoa parada como um poste ali no meio da rua.

Na fração de segundo entre estar em dúvida e decidir apanhar a nota, vários pensamentos me passaram pela cabeça: "assim que eu me abaixar vai aparecer alguém gritando 'É meu!'"..."Será que era a única notinha de alguém que estava saindo para comprar a refeição do dia?"..."E se tiver uma criança chorando pelo seu dinheirinho poupado com sacrifício para comprar aquele carrinho?"... Enredos dignos de novela mexicana se formaram rapidamente enquanto eu caminhava com cara de pato arrependido (essa eu peguei emprestada no teu pote, compadre!).

Numa proporção menor que os dramalhões também surgiram hipóteses mais positivas: "Ah, deve ter caído de uma carteira bem cheia...nem sentiram falta..."

A velha dor na consciência começava a bater à porta: "vou perguntar às pessoas"... E então: "Ah, quem vai dizer que não é o dono?"

Além do mais eu não tenho a mínima vocação para fazer enquete nem para testar a honestidade alheia.

Eu acho que nunca ganhei nem sorteio de escola. As coisas para mim não chegam na bandeja. Ainda bem. Continuei caminhando com a nota na mão.

Pelo sim, pelo não, doei para um lugar que com certeza fez bom uso do dinheiro. Não gosto de coisa fácil (excluindo a Mega sena, claro).

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A JANELA DOS OUTROS - Martha Medeiros


Gosto dos livros de ficção do psiquiatra Irvin Yalom (Quando Nietzsche Chorou, A Cura de Schopenhauer) e por isso acabei comprando também seu Os Desafios da Terapia, em que ele discute alguns relacionamentos padrões entre terapeuta e paciente, dando exemplos reais. Eu devo ter sido psicanalista em outra encarnação, tanto o assunto me fascina.

Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem. Durante o trajeto, o pai, que estava na direção, comentou sobre a sujeira e degradação de um córrego que acompanhava a estrada. A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um cenário de Walt Disney. E teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida. Seguiram a viagem sem trocar mais palavra.

Muitos anos depois, esta mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada, desta vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se: do lado esquerdo, o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista. E uma tristeza profunda se abateu sobre ela por não ter levado em consideração o então comentário de seu pai, que a esta altura já havia falecido.

Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que vale, não importa que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.

A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros acredita que o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias. Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade. Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua própria paisagem.

Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos enclausurada nos meus próprios pontos de vista, mas, em contrapartida, me tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de 360 graus para nos declararmos sábios. E a sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos e todos estão errados em algum aspecto da análise. É o triunfo da dúvida.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Irena Sendler




Esse texto, que não é da minha autoria, estava no meu outro blog que foi para o espaço. Vale a pena registrá-lo de novo aqui, uma singela homenagem à memória desta mulher, que faleceu aos 98 anos em 2008 e soube fazer a diferença enquanto viveu:

Nascida em 1910, Irena Sendler foi uma desconhecida durante muitos anos para os poloneses.

O mesmo acontecera com Oskar Schindler, que morreu na pobreza na Alemanha antes da façanha de ter salvo os funcionários judeus de sua fábrica ser levada ao cinema por Steven Spielberg.

Apenas em março de 2007 a Polônia lhe prestou uma homenagem solene e seu nome foi proposto ao prêmio Nobel da Paz.

No entanto, o memorial israelense do Holocausto, o Yad Vashem, lhe entregou em 1965 o título de Justo entre Nações, destinado aos não judeus que salvaram judeu.

Assistente social, Irena Sendler trabalhava antes da guerra com famílias judias pobres de Varsóvia, a primeira metrópole judia da Europa, onde viviam 400.000 dos 3,5 milhões de judeus de toda a Polônia.

A partir do outono de 1940, passou a correr muitos riscos ao fornecer alimentos, roupas e medicamentos aos moradores do gueto instalado pelos nazistas.

No fim do verão de 1942, Irena Sendler se uniu ao movimento de resistência Zegota, (Conselho de Ajuda aos Judeus).

A polonesa conseguiu retirar de maneira clandestina milhares de crianças do gueto e as alojava entre famílias católicas e conventos.

"Fomos testemunhas de cenas infernais quando o pai estava de acordo, mas a mãe não", comentou a um site na internet dedicado a ela (www.dzieciholocaustu.pl).

As crianças eram escondidas em maletas e retiradas por bombeiros ou em caminhões de lixo. Em alguns casos chegavam a ser escondidas dentro dos abrigos de pessoas que tinham autorização para entrar no gueto.

Sendler foi presa em sua casa em 20 de outubro de 1943.

Durante o período em que ficou detida no quartel-general de Gestapo, foi torturada pelos nazistas que quebraram seus pés e pernas. Ainda assim, ela não falou nada. Logo depois, foi condenada à morte, mas milagrosamente foi salva quando a conduziam à execução por um oficial alemão que a resistência polonesa conseguiu corromper.

Sendler continuou sua luta clandestina sob uma nova identidade até o final da guerra, trabalhando como supervisora de orfanatos e asilos em seu país.

Nunca se considerou uma heroína. "Continuo com a consciência pesada por ter feito tão pouco", confessou.

Devido ao seu estado de saúde delicado, Irena Sendler não participou da cerimônia que lhe homenageou em 2007, mas enviou uma sobrevivente, salva por ela em um gueto quando bebê, em 1942, para ler uma carta em se nome.

"Convoco todas as pessoas generosas ao amor, à tolerância e à paz, não somente em tempos de guerra, mas também em tempos de paz", escreveu.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Crianças ou super herois?


Ah, se a gente pudesse ver o mundo sob a ótica de uma criança! Se as levássemos mais a sério aprenderíamos tanto!

Durante esta semana tive aulas de vida com dois meninos. Um deles, o pequeno Caio de apenas sete anos, se preocupa com futuro da Terra. Isso porque nós, os adultos, que deveríamos cuidar da mundo para deixá-lo mais bonito e saudável para os nossos filhos, não o fazemos. Então Caio, que não é adulto para ficar só se lamuriando, criou o seu blog sobre reciclagem e qualidade de vida, o http://meumundoreciclavel.blogspot.com/ . E isso, Caio, me ajudou a pensar mais no mundo que eu quero. E prometo que vou transformar o pensamento em ação, viu?

O outro garotinho, o Arthur Amorim,´tem nove anos e sabe tudo sobre dinossauros: tamanho, peso, época em que viveram, hábitos, tudo mesmo. Até escreveu um livro! O seu sonho sempre foi ser entrevistado pelo Jô Soares sobre os dinos. Ontem vimos a realização do seu sonho. Arthur, apesar da dificuldade para falar devido ao enorme tumor na face, deu um show de conhecimentos. Apesar de médicos falarem que não há mais alternativa de tratamento para ele, quer ser paleontólogo e morar na Alemanha. Apesar das dores, tem sempre uma palavra amável para todos.

Aos dois, o meu reconhecimento pela sabedoria e meu agradecimento por compartilhá-la conosco.

POEMA PARA ARTHUR, feito pelo pai dele:

DESCOBRI QUE TENHO UM FILHO SUPER-HERÓI!

SUPER-HERÓI, porque quando nos falta força, fortalece-nos com sua força de vontade
SUPER-HERÓI, porque se estamos tristes, alegra-nos com seu sorriso
SUPER-HERÓI, porque se desconfiamos dos médicos, nos diz que vai ensiná-los a trabalharem direito
SUPER-HERÓI, por dizer, a cada enfermeira ou médico, OBRIGADO mesmo com osseus olhos cheios de dor e sofrimento
SUPER-HERÓI, por ter falado “DESCULPA TIA” a enfermeira que colocou o soro noseu pescoço
SUPER-HERÓI, por me explicar, do seu jeito, quais são os efeitos da quimio
SUPER-HERÓI, porque com seu jeito infinito de ser doce, adoça toda a minhavida
SUPER-HERÓI, por não nos conceder o direito de desistir
SUPER-HERÓI, por nos ensinar que mesmo sofrendo, precisamos ser solidários aos outros
SUPER-HERÓI, por sua vontade de viver
SUPER-HERÓI, pelos os seus desabafos quando lhe falta a paciência
SUPER-HERÓI, pela sua lucidez em encarar os fatos
SUPER-HERÓI, por não ter medo do câncer
SUPER-HERÓI, por não aceitar a pena de ninguém
SUPER-HERÓI, por nos consolar quando choramos escondidos
SUPER-HERÓI, por se preocupar com seus amiguinhos que também estão em tratamento
SUPER-HERÓI, por seu bom humor e suas piadas
SUPER-HERÓI, pelo orgulho que tem de ser meu filho
SUPER-HERÓI, pelo o amor que tem pelo seu irmão
SUPER-HERÓI, por tomar conta de sua mãe
SUPER-HERÓI, por cuidar de todos nós
SUPER-HERÓI, por nos convidar a rezar com ele
SUPER-HERÓI, pela sua fé
SUPER-HERÓI, por pedir a Papai do céu “ para tirar esse dodói da minha
cabeça”
SUPER-HERÓI, por me ensinar que câncer tem que ser escrito com letra
minúscula pra ficar mais fraco
SUPER-HERÓI, por me mandar beijos quando não pode falar
SUPER-HERÓI, por me ensinar que o que nosso bem mais precioso é a nossa
Família
SUPER-HERÓI, por me fazer encarar a vida com mais discernimento e lucidez
SUPER-HERÓI, por me mostrar que, por pior que pareça, sempre temos que
agradecer a Deus
SUPER-HERÓI, por sonhar com tanta força
SUPER-HERÓI, por me ensinar o verdadeiro sentido da Vida
SUPER-HERÓI, por me mostrar o valor de dizer “ TE AMO”
SUPER-HERÓI, simplesmente por ser meu FILHO.

FRUTOS




Esta é a primeira fruta das plantas do nosso jardinzinho: uma pitanga. Grande surpresa quando a percebemos, já vermelhinha naquela manhã. Pensei sobre a boa sensação de se ver o fruto daquilo que plantamos. E não é pela colheita, mas pelo plantar, regar, ver crescer, florescer...O processo foi ainda melhor que o resultado.

Assim como na vida, não gosto de perseguir cegamente um objetivo. Ainda que tenha uma meta, gosto de curtir o caminho enquanto busco alcancá-la. O caminho às vezes traz mais satisfação que o fim em si mesmo.

E o no nosso jardim outras plantas crescem, o pé de fícus já faz uma sombrazinha minúscula, o pé de jasmim de vez em quando nos presenteia com as suas flores e seu perfume quando nos sentamos no banco de cimento para admirar as estrelas, a goiabeira teima em não crescer mas não desistimos dela.

Continuamos regando o jardim e a vida, curtindo o florescer de ambos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

“Um filho teu não foge à luta”


Domingo ensolarado, céu lindo, prenúncio de coisas boas no ar...

Neste dia escolhemos o futuro presidente do nosso país. Ou presidenta, como preferem alguns e a gramática autorizou. Eu não gosto de expressão “presidenta”, acho estranho. Até me vejo chamando a “gerenta” do meu banco. Não dá.

Mas muito me anima a ideia de ter uma mulher no comando da nação. Ainda mais quando traz com ela as possibilidades de continuidade das políticas públicas de inclusão social do governo Lula. Governo, aliás, que ficou para a história. Um operário, sem curso superior, desacreditado por muitos. Venceu, há oito anos, enfrentando a máquina e um monte de baixarias que marcaram a campanha. Mas venceu, fez um bom governo, projetou o país no exterior e especialmente nos tirou da sola dos sapatos do Tio Sam. Tirou também milhões de pessoas da linha de pobreza através dos programas de renda mínima, que muitos chamam de esmola, mas para mim é o pagamento de uma dívida social que o Brasil tem com os menos favorecidos há 500 anos. Ora, se graças à escravidão, depois à exploração, aos baixos salários, carga horária excessiva, informalidade e outras mazelas os ricos acumularam ainda mais riquezas, desde os tempos da colonização, então porque não reparar esse roubo sistemático de dinheiro e dignidade com um programa de renda mínima para quem vive abaixo da linha da pobreza?

Enfim, após uma campanha vergonhosa e apelativa feita pelos derrotados, venceu Dilma Roussef, a primeira mulher a presidir o Brasil. Ao conhecer a sua história de vida passei a admirá-la porque é corajosa, em nome da democracia enfrentou a ditadura militar, foi presa e torturada. A frase que marcou a campanha “Um filho teu não foge à luta” cabe direitinho na sua história de vida.

Espero, sinceramente, que este seja um bom governo. Que a nossa nação cresça para todos, que os abismos sociais diminuam mais. Que o nosso país seja “Mãe Gentil” não apenas para uma minoria.

sábado, 30 de outubro de 2010

E que vença a democracia


Estamos a um dia das eleições presidenciais. Um dia, não, algumas horas, pois já é madrugada e estou aqui agarrada no PC conferindo as novidades. Pela primeira vez uma mulher se candidata a presidente no Brasil, e com grandes chances de vitória neste segundo turno.

Procuro no meu Pote de Palavras quando comecei a militar na política. Acho que foi aos treze anos. O início da minha adolescência coincidiu com a decadência da ditadura militar, o movimento Diretas-Já, a luta do povo nas ruas por um país democrático. Um período difícil, sem dúvida, mas muito rico em termos de engajamento no movimento estudantil. A partir daí vivi experiências que me ajudaram a crescer. Comecei a ler bons livros, a tentar entender porque o Brasil era daquele jeito, a participar de reuniões, tudo o que pudesse me ajudar a entender a situação do momento.

Algumas experiências foram difíceis, como no dia em que, aos 15 anos, fui cercada por militares a cavalo e ameaçada de prisão só porque usava, no dia das eleições para governador, uma camiseta com uma borboleta verde estampada, uma alusão ao slogan "a esperança está de volta". Ou o dia em que tive que decidir entre fazer a prova de Física ou participar da reunião da Militância Jovem. Claro que escolhi a segunda opção, mas quase fui reprovada na disciplina.

Daí para participar de trabalhos comunitários de conscientização do exercício da cidadania foi um pulo. Neste momento decidi que queria trabalhar para o povo, junto ao povo.

Muitos anos se passaram desde então. Muitas alegrias, várias decepções, promessas de não me envolver muito no processo eleitoral (que nunca consegui cumprir, graças a Deus). Não sou filiada a partidos, quero ser livre para fazer minhas escolhas, mas as minhas convicções sempre me levam a um caminho: o dos partidos que estiveram ao lado do povo.

E vou trilhando o meu caminho. Nos últimos anos, muito feliz por termos escolhido um presidente que governou para os esquecidos e neglicenciados, que fez da inclusão social a principal marca da sua gestão. E com muita esperança que o processo de reconstrução social do nosso Brasil continue. Por mim, pelo meu filho, por cada pessoa para a qual eu trabalho, testemunhas vivas do que a inclusão social pode fazer a uma pessoa em termos de dignidade.

E que vença ela, a DEMOCRACIA!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pote de palavras


As palavras estavam espalhadas. Umas aqui, outras ali, mais algumas acolá. Então resolvi juntar tudinho e guardar num pote, daqueles que ficam no fim do arco íris.

Não arrumei nadinha, não tenho nenhum compromisso com a ordem cronológica de fatos. Ficaram no pote mas são livres...Voam quando querem e voltam quando têm vontade, porque não são minhas, apenas pego emprestadas.